Sempre recebo e-mails nos
quais as pessoas perguntam de modo quase desesperado como elas podem começar a
pensar em inglês. Uma pergunta que é prima dessas é feita assim, “Como deixar de pensar em
português?”. Diante dessa mania que as pessoas têm em querer saber o que
fazer para começar a pensar em inglês, decidi escrever este texto.
Antes de
qualquer coisa, devo dizer que se você está em busca de uma fórmula milagrosa
para começar a pensar em inglês, sinto muito, tal fórmula não existe. Bom! Eu
ainda não fui apresentado a ela. Para ser bem sincero, se alguém a tivesse
estaria mais que bilionário neste momento. Portanto, aquiete-se! Você
certamente não encontrará um líquido ou pó mágico que o fará pensar em inglês
da noite para o dia. Também não adianta pegar um porrete e bater na cabeça para
ver se muda algo.
Veja bem! Quando nós nascemos, nosso cérebro é como
se fosse uma esponja. Tudo o que passa à sua volta é percebido com os sentidos
básicos (paladar,
audição, tato, olfato e visão). O cérebro aprende
a decodificar as coisas e assim compreender o mundo no qual estamos inseridos.
Conforme vamos crescendo, o cérebro entra em uma ebulição de aprendizado
lingüístico. Aprendemos a nos comunicar na língua que nos cerca. Nosso querido
cérebro aprende a raciocinar, pensar, fazer cálculos, processar, analisar,
decodificar informações, se expressar, etc., na língua a qual ele se acostumou
a fazer isso tudo. No nosso caso o português.
Tentar mudar tudo isso de uma hora para outra é
como se a NASA decidisse criar um dispositivo que fizesse o planeta Terra
inverter o seu movimento de rotação. É simplesmente impossível fazer isso
acontecer de uma hora para outra. No caso de inverter a ordem na qual a Terra
gira é impossível de qualquer maneira. Já no caso de aprender a pensar em
inglês é possível, mas leva tempo, prática, paciência, dedicação, envolvimento
com a língua e coisas assim.
“O que eu faço para pensar
em inglês?” era uma das perguntas que eu me fazia quando comecei a estudar inglês.
Eu desejava mais que tudo pensar em inglês o tempo todo. Minha vontade era a de
ir dormir e acordar pensando em inglês. Eu queria acordar falando inglês pelos
cotovelos. No entanto, havia um problema! Minha família, amigos, colegas de
escola e trabalho, etc., só falavam português, então como é que eu iria acordar
pensando e falando inglês. Simplesmente impossível! Não tinha como! Minha mãe
já me tirava da cama dizendo, “Acorda, guri! Cê vai chegar atrasado
à escola”. Isso era recebido, processado e decodificado em português. Logo, a
resposta também era em português, “Não, mãe! Deixa ficar só mais um
pouquinho!”. Pronto! Lá se ia à idéia de acordar falando inglês. Se eu falasse em
inglês, seria até cômico! Minha mãe ficaria assustada!
Nesse momento, você deve estar pensando, “então a melhor coisa a
fazer é morar fora do país!”. Minha resposta é
sim e não! Pois, já falamos aqui que morar em um país de língua inglesa não é
garantia de que você aprenderá a falar inglês fluentemente. Ou seja, alguém
pode morar em um país de língua inglesa e aprender a falar inglês bem ou não.
Por quê? Onde está o problema?
Quando você pensa em dizer algo em inglês o
processo ocorre mais ou menos assim: o conceito » pensar em
português » traduzir para o inglês usando as regras e palavras soltas que
sei » falar. O melhor é encurtar esse processo deixando-o
assim: o
conceito » pensar em inglês » falar. Temos de aprender
a eliminar as etapas de “pensar em inglês” e “traduzir”. O cérebro deve
processar a nova língua de modo natural assim como acontece na nossa primeira
língua: o
conceito » pensar em português » falar. Detalhe esse
processo mais curto em nossa própria língua, de acordo com os especialistas,
ocorre em apenas 600 milissegundos. Esse é o tempo que nosso pensamento leva
para ser verbalizado (pensar e sair falando). Em uma segunda
língua devemos tentar chegar o mais perto disso possível! Mas, como?
Eu já dei inúmeras dicas aqui no blog de
coisas que você pode fazer no dia a dia para começar a se acostumar com essa
coisa de pensar em inglês: fale inglês sozinho, ouça e decore diálogos
curtos, repita e leia sentenças e textos curtos em voz alta, faça inúmeras
atividades, envolva-se o máximo possível com a língua inglesa, ouça músicas em
inglês e tente decorar as letras e cantá-las, quando sozinho em um local
procure pensar em inglês e não em português. Enfim, no final deste texto incluo
os links para os textos nos quais eu descrevo as maluquices que eu fazia para
desenvolver minha fluência (pensar em inglês o tempo todo).
Lembre-se: seu pior inimigo é você mesmo. Se você
não mudar sua atitude e perceber que tudo depende de você mesmo, essa coisa de
pensar em inglês não vai rolar. Ao invés de ficar passeando pela internet procurando
por uma dica milagrosa, você deve começar a se organizar, estabelecer um
objetivo, investir em materiais, ouvir inglês, ler inglês, escrever em inglês,
ter um horário de estudos… Enfim, VOCÊ é e faz a diferença. Que você quer
aprender a pensar em inglês, você já sabe! Agora está na hora de tomar uma
atitude e começar a fazer isso. Afinal, ninguém fará isso por você. O cérebro é
seu! Então, é você quem tem de fazer algo para fazer com que seu cérebro se
acostume a pensar em inglês. Milagres não acontecem!
http://www.inglesnapontadalingua.com/2012/12/como-pensar-em-ingles.html
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