PORTO ALEGRE, 27 Jan (Reuters) -
Um incêndio deixou ao menos 245 mortos e cerca de 50 feridos, em sua maioria
jovens, durante um show em uma casa noturna na cidade de Santa Maria, no Rio
Grande do Sul, na madrugada deste domingo, disseram autoridades locais.
As mortes foram causadas por
asfixia e pisoteamento, segundo as autoridades. Segundo o major Bastianello,
comandante do Batalhão de Operações Especiais, que confirmou o número de mortos
e feridos no fim da manhã, há 48 feridos até o momento sendo tratados em
hospitais.
Havia cerca de 500 pessoas, na
maioria jovens, dentro da boate Kiss quando o fogo teve início, por volta das
2h30 da madrugada deste domingo, segundo o major Gerson da Rosa Ferreira, que
está coordenando as operações da Polícia Militar no local.
"A boate estava cheia, como
quase sempre, pois é uma boate conhecida. Quando me deparei, eram corpos pelo
chão. Foi muito chocante", disse Taynne Vendrusculo, estudante que estava
na boate, em entrevista a GloboNews.
Os primeiros atendimentos às vítimas
foram dados no estacionamento de um supermercado ao lado da boate Kiss, que
fica no centro da cidade. Nem todos os corpos haviam sido retirados do local às
10h da manhã.
Homens com picaretas tentavam
quebrar as paredes para ter acesso ao local e resgatar as vítimas.
Os familiares estão sendo reunidos
no Centro Desportivo Municipal para fazer cadastro e reconhecimento de corpos,
segundo informações do comando da Brigada Militar da cidade.
A delegada Luíza Sousa, da 2a
Delegacia de Polícia Civil, disse que acontecia um show de uma banda gaúcha
quando um dos integrantes soltou um sinalizador dentro do local.
A faísca desse sinalizador tocou o
teto, que tinha um revestimento de isopor. "O fogo espalhou-se em
segundos", disse a delegada à Reuters.
A delegada informou que um dos
fatores para o agravamento da tragédia é que havia um grande número de carros
estacionados na porta do estabelecimento, o que impediu a saída das pessoas.
Ela disse, porém, que os carros não estava irregulares e que era permitido o
estacionamento no local.
O major Ilvair
Vianna, diretor do Hospital da Brigada Militar de Santa Maria, informou que
chegaram mais de duas dúzias de feridos ao hospital.
"O que
deixou a situação mais difícil parece que foi a saída. Tudo está meio confuso
no momento. Ainda bem que a infraestrutura daqui é boa, conseguimos dar pronto
socorro a muitas das vítimas", disse ele no início da manhã à Reuters.
Segundo a Brigada
Militar, foi montado um centro de operações, com forças policiais e de saúde. A
polícia e o Corpo de Bombeiros ainda trabalham na área da tragédia.
O governador do
Estado, Tarso Genro, está a caminho da cidade, a cerca de 350 quilômetros da
capital Porto Alegre e com cerca de 260 mil habitantes.
A presidente
Dilma Rousseff, que estava no Chile, cancelou os compromissos no país e
antecipou o retorno ao Brasil. Dilma deve ir a Santa Maria, segundo a
assessoria da Presidência.
Em
entrevista, Dilma disse que a cidade possui uma boa estrutura e que ministros
estavam a caminho para prestar apoio.
"Neste
momento de tristeza estamos juntos e iremos superar mantendo a tristeza", afirmou
emocionada.
(Reportagem
de Ana Flor, Guillermo Parra-Bernal e Esteban Israel em São Paulo)
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